Soluções comerciais contra a pobreza

terraHORSCH: Sra Nyambi, você é, na verdade, uma doutora, nasceu em Camarões e hoje vive no Canadá. Como você se tornou a chefe de uma organização de ajuda internacional?
Dorothy Nyambi: Eu mudei para o Canadá com um pouco mais de 30 anos. Naquela época, eu havia concluído minha graduação em medicina e trabalhei como médica em diferentes países em desenvolvimento. Essa tarefa foi incrivelmente interessante e desafiadora. Mas nós só conseguíamos ajudar poucas pessoas. Muitas pessoas que não estavam dentro de nosso alcance morreram. E é por isso que eu decidi tomar um caminho completamente diferente, me voltando para o desenvolvimento de ajuda internacional. Aproximadamente cinco meses atrás, eu me tornei presidente e diretora executiva da MEDA, uma organização com aproximadamente 150 funcionários de todas as partes do mundo que opera em 62 países com um total de 402 parceiros de projetos.

terraHORSCH: A sua graduação em medicina a ajudou em algum aspecto?
Dorothy Nyambi: Somente até um certo ponto. Uma vez que a MEDA segue uma abordagem diferente em comparação às outras organizações de ajuda. Nosso foco não é apenas na ajuda humanitária. Pois, em países em desenvolvimento, esse tipo de ajuda geralmente leva a uma maior dependência. Nós, no entanto, queremos reduzir a pobreza apoiando atividades de empreendimento.

terraHORSCH: Como isso funciona exatamente?
Dorothy Nyambi: Nossos parceiros de projetos são geralmente empresas de pequeno e médio porte. Eles operam nos mais variados setores - geralmente em turismo e agricultura. A agricultura, principalmente, é de grande importância em países em desenvolvimento. Um grande número de empregos estão ligados a esse setor, eles representam um importante pilar na economia nacional. Porém, nós não apenas encorajamos pequenas unidades, mas uma mudança estrutural. Uma vez que a agricultura de subsistência nunca tirou ninguém da pobreza. As pessoas precisam de novas alternativas, por exemplo a cadeia de valor. Junto com o parceiro de projeto no local, a MEDA desenvolve novos conceitos, ajuda financeiramente e acompanha as pessoas por um certo tempo. O objetivo é que os projetos funcionem de modo completamente independente.

terraHORSCH: Qual é a fonte de renda da MEDA?
Dorothy Nyambi: Geralmente taxas de filiação e doações. Além de muitas pessoas, nós também somos suportados por fundações, como por exemplo a fundação de Bill e Melinda Gates ou a fundação HORSCH, além de inúmeras organizações governamentais principalmente da América do Norte, Austrália e Grã-Bretanha.

terraHORSCH: Quais são os desafios para o futuro?
Dorothy Nyambi: A MEDA existe por mais de 60 anos. Durante esse período, nós sempre nos adaptamos às mudanças de condições. Hoje, estamos com outra cara - vamos chamá-la de organização de ajuda 4.0. E grande parte dela é positiva: por exemplo, tecnologia de comunicação móvel, ou a internet. Ambas tornaram a comunicação muito mais fácil e barata. Ou o setor bancário: O que irá acontecer nesse setor se, no futuro, ainda mais operações poderão ser realizadas online. Como será feita a agricultura no futuro? Tudo ao nosso redor é extremamente dinâmico. Nós tomamos esses impulsos e queremos transformá-los em projetos positivos, inovadores e modernos. A MEDA possui muita experiência e a utiliza para uma moderna ajuda de desenvolvimento - com idéias criativas e junto a parceiros inovadores.